Orbe telúrico,
massa crua.
Essência de Gaia,
fermento humanoide.
Abóboda anil,
plano verdejante.
Razão de Zeus,
sapiência e dor.
Morada efêmera,
fenecimento algures.
Momento Kairos,
passagem atroz.
Perde a forma,
empana, encrua.
Tempo de Chronos*,
deteriora e murcha.
§D§
*Não confundir com Cronos (Titã e filho de Urano com Gaia).
O Chronos aqui mencionado é o deus do tempo que gerou a si mesmo.
“A vida é uma merda, o mundo uma latrina e o idealizador um cagão”.
§D§
"Tenha em mente seus princípios, nas mãos a sua vida e pés que não voltem atrás".
§D§
"Dormir é bom, porém os sonhos me traem com lembranças que preciso esquecer."
§D§
Tenho essa mágoa
que como a lama que turva a água
mancha também minha alma.
Com sua saída
deixaste uma ferida
que há de levar a minha vida.
No coração te criei,
o meu sangue te dei,
com tuas dores chorei.
Hoje estou só,
na garganta um nó,
um ser que dá dó.
Mas a culpa é minha,
achei que a tinha,
entretanto, já não tinha mais.
Não quero mais sofrer,
não quero mais viver
e não quero mais querer.
§D§
Quando a vida se torna amarga
a morte pode ser uma doce solução.
Escuta! Cura, não preciso...
Oh, fada verde... Bela dona!
Cicuta ou curare, isso sim ajuda...
Com absinto e láudano,
sinto-me sem dano levado por Atropos.
Ensaio essa viagem teatral
inspirando o ar cênico.
Á inglesa descanso descalço,
vestido á rigor mortis, viajo.
§D§
Nada é fácil, tudo tem um preço.
A sorte é pra quem crê nela,
mas sem garantia contra o azar.
Quem se garante apóstata se revela.
Navalho o supérfluo instinto social,
excesso trinchado o óbvio emerge...
O ser humano é desumano inato!
Não é teoria, é a navalha de Occam.
Dispenso a amizade,
minha lealdade é só comigo.
Confio o suficiente em mim
para não confiar em ninguém.
Posso afirmar...
É divino Deus confiar!
§D§
De face no chão abunda a lua grande beleza.
De quatro, maneiras sedutoras mexem e embalam,
vejo nelas a abertura para grandes investidas,
ouço gemidos abafados na entrada e suplicas na saída.
Atrás, te seguro a frente, recuo e avanço, ajoelhado
imploro que não me detenha as sanhas do castigo.
Que submissa aceite os açoites da carne e regozije-se,
que goze comigo da mesma tara de punir e ferir no amor.
Seja um anjo que se entrega a um demônio para ser torturada,
que se perca direcionando o caminho da entrada proibida.
Que eu possua todo lugar sagrado que em ti possa adentrar.
Pondo-te a se perder ofereço um dia de paraíso no calor da perdição.
§D§