quarta-feira, 29 de junho de 2011

Amo a Nuit, odeio Rá





No cemitério me encontro semi-etéreo.
Envolto em éter ocupo todo o espaço,
desocupado afogo-me na quinta-essência.

Traga flores negras, minha cor preferida,
chore por quem não foi ainda, mas finja.
Sepulte esquecendo quem te esqueceu,
alguém que não liga se você sorriu ou gemeu.

Morro todo dia para renascer toda noite,
sou filho da mãe morte e minha consorte.
Não te quero mulher viva, está sem sorte.

Sou morto vivo e vivo morrendo de ódio,
queimo no escuro a luz que de ti irradia,
então que fique santa nas desculpas do dia.
Blasfemo do alvorecer e deito-me com a noite.

Sempre infecundo violo todo tumulo aberto,
não deixo semente, mas você sente entrando.
Aprenda me ver saindo, diga adeus, não há Deus!

§D§



terça-feira, 28 de junho de 2011

Verve






Tento fugir,
não posso, porque você sempre me dá...
Para não ir,
tantos motivos que o jeito é ficar contigo.
Só se importa...
Com seu umbigo, centro de tudo. Oferece-o
e abre a porta.

Tenho que admitir,
sua descoberta me cobre de inspiração,
minha transpiração aparece,
fico sem folego em ofegante respiração.
Meu desejo cresce,
projeta-se rumo ao alto e transparece.
Não posso fingir!

Vendo tudo,
não vejo mais nada que haja além de ti.
Sua aparição...
Desnuda a seda que cobre a carne, fina pele
e transgressão.
Coloco-me em tuas mãos, leve-me a tua boca
e deixe escorrer.

Seus lábios,
gotejam do que vai em mim, prazer sem fim,
nos teus confins.
Lambuzo-te com minha corrente vazão, invasão,
sons fluídos.
Dos seus descuidos os meus cuidados infindos...
Gozamos juntos!

Ato consumado,
fato marcado no virgem papel com tinta obscura,
aqui figura.
Só entende quem sentiu o calor de cada verso
no seu universo.
O poeta chora, sofre, sente raiva e sempre goza...
Da sua verve.

§D§




segunda-feira, 27 de junho de 2011

Cólera







Toda vez que eu erro sinto o ódio se inflamar,
uma maneira de incinerar todos os equívocos.
Não deixo pontas soltas que possam me amarrar,
corto o que fere ferindo ainda mais, sem dó.

Sempre destemperado fervo rápido e explodo,
não ficam vestígios de nada que me incomoda.
A ira me traz para a realidade e apaga fantasias,
queimo-as apagando da mente, ardo demente.

A cólera desintegra qualquer coleira, preso nunca.
Minha revolta acaba com tudo a minha volta,
o que resta não é nem sobras. Nada deve ficar
porque já fui e não hei de voltar nunca mais.

§D§





domingo, 26 de junho de 2011

Volte!





Na volta para casa nada é como antes,
tudo está tão cheio de lembranças suas
que não há mais nada que seja meu ali.
Meu orgulho roubou você de mim!

Tentei abrir portas e janelas para o ar entrar,
mas o que me sufoca é a sua saída porta afora.
Nosso lar ficou desolado, meu coração assolado,
porém nem tudo está perdido e irreparável.

Tenho que despejar meu ego, esse inquilino mau.
Uma boa reforma no meu modo de vida,
uma repaginada nos meus instintos nocivos
e me despedir do orgulho. Volta para casa!

§D§





quinta-feira, 23 de junho de 2011

Equilíbrio


Estou vazio porque me enchi dessa vida,
excluo sentimentos vãos e coleto novas idéias.
Reencontro você, que me traz o alento,
meu talento volta a me pertencer.

Sou meu de novo assim como te pertenço,
dou-te o melhor de mim e eliminas o pior.
Toma minhas dores me dando prazer,
em tua companhia roubaste minha solidão,
na minha tristeza fostes minha esperança.

Hoje somos dois pensadores novamente,
doravante olhares compartilhados sempre.
Nossa visão de mundo é real e abrangente,
vemos o que está oculto e ignoramos o aparente.

§D§



terça-feira, 21 de junho de 2011

Virginal







Seus segredos e desejos são minhas fantasias,
seguro-me para não surfar nas tuas ondas,
mas tudo que quero é me afogar no teu mar.

O doce do teu lábio e o sal da tua pele temperam
meus pensamentos com o suor do meu corpo,
fervo em delírios na sanha de saborear essa paixão.

No frescor da idade, és água de um regato virgem,
minha maturidade me obriga a tomar cuidado,
porém quero beber da tua fonte de juventude.

Faça-me eterno com seu terno amor,
preciso do seu frescor para aplacar meu calor.
Na tua pureza encontrei a cura para minha tristeza.

§D§




segunda-feira, 20 de junho de 2011

Asas Quebradas






Tentei te magoar para que não sofresse,
mas você insiste em tentar me salvar.
Te fiz chorar e você só me faz sorrir,
sou venenoso, mas tu tentas me curar.

Sou um anjo caído de asas sujas e quebradas.
Voei perto de mais de ti e me perdi com tua beleza,
era para ser seu guia e me guiei por suas curvas,
saí do caminho e sua imagem agora é a distancia.

Fui excluído dos céus, mas vi você sorrindo,
não tenho mais morada e isso não me incomoda
porque estive contigo por algum tempo.
Nada mais pode me ferir, já perdi você!

§D§





domingo, 19 de junho de 2011

Minha Conversão








Quando a minha alma não agüentava mais, depois de ter perdido a vontade de viver eu me tornei um ser solitário. Foi quando ouvi o canto de um coral vindo de uma igrejinha muito branca. Aquele hino evangélico invadiu meu coração e quando dei por mim estava na porta da igreja ouvindo o pastor dizer algo assim...

-De repente entrou um desgarrado todo sujo e cheirando a latrina do mundo, sem um lugar para ficar e com toda dor e solidão de uma vida em olhos cravados num rosto obscuro. E o que eu disse irmãos? Tirem esse vira-lata da igreja, aqui não é lugar de cachorro, basta a porta abrir e esses merdas entram.

A igreja toda glorificou e voltou ao silêncio esperando as palavras inspiradoras do pregador.

Depois dessa recepção singular achei que se escutasse um pouco eu não estaria mais perdido do que já estava.

O pastor continuou contando o seu testemunho que era algo semelhante a isso...

-Desde pequeno, irmandade, sempre tive inclinação para as coisas do senhor,  ele me recrutou ainda muito cedo para levar sua mensagem a todos que precisavam de um alivio, pessoas que queriam realizar seus sonhos nessa terra de sofrimento e ainda esperavam ganhar uma viagem rumo ao nirvana. Eu era esforçado e o senhor estava comigo...

-O senhor cuidava de mim, bastava dobrar os joelhos e ele me atendia, tenho os joelhos calejados até hoje. Se eu queria comer era só me humilhar e o senhor me dava, estava com frio, então bastava pedir humilde e eu recebia o meu agasalho. O senhor não me pagava salário, ele supria o que eu precisava no dia a dia. Ele dizia que o dinheiro corrompe o coração puro e olha que a mercadoria do senhor era puríssima.

-Certa vez me interessei por uma menina muito linda e lhe contei tudo para receber os seus sábios conselhos. Ele foi logo dizendo... "Filho se você quer essa criatura pegue-a pela gadelha, mostre quem é que manda, coloque de quatro essa vadia antes que outro faça". 


-Nesse dia desviei dos caminhos do senhor.

-Senhor é como eu era obrigado a chamar o traficante para quem vendia cocaína.

-Depois disso fiz um curso de pastor por correspondência e vim ministrar o reino de Deus aqui para vocês. Longe do senhor e muito mais seguro, hoje em dia não dobro mais os joelhos e ainda tenho um salário fixo, moradia, veículo, sem falar no dizimo. Estou no céu com a irmandade. Glória a Deus, aleluia!

-Um "glória", irmãos, todos de pé, mais forte, vamos irmandade..., braços para o alto. Ajudem o Sr. Jones, mas que droga Sr. Jones. Eu já não disse que o Sr. não precisa levantar os braços? Quando o Sr. vai se tocar que usa muletas?

-Irmandade, agora é hora da caixinha, "eu vi isso Sra. Parker, não adianta fazer cara feia não, eu preciso comer e também sou filho de Deus ou a Sra. acha que estou aqui porque gosto? Fique sabendo que a comida não cai do céu, faça sua contribuição ou eu a expulso dessa birosca, aí quero ver a Sra. entrar no céu" e aos irmãos lembrem que a contribuição é na caixinha e não  na poupança da querida irmã Agatha. Por que todo mundo tem que apalpar essa pobre menina? Ela não tem culpa de ser tão bunduda, quero dizer, boa. Mas vamos esquecer a bunda da Srta. Agatha e nos concentrarmos no coração do irmão Mike, o pobre diabo não vai longe. Culto de vigília e oração na casa do irmão Mike, todos lá, comida por conta do moribundo. Vamos ver se cara a cara com a morte ele não abre aquela mão sovina... hahaha... Brincadeira, irmandade, só pra descontrair nesse momento difícil, vocês não tem senso de caridade, não?

-O culto de hoje foi mais curto, entenderam o trocadilho? Culto, curto? Hahaha... Tenho uns problemas para resolver e é domingo, preciso de vida social também, não sejam egoístas porque deles não é o reino dos céus. todos para casa e cuidem de suas vidas.

Assim foi encerrado mais um culto dominical e eu voltei a minha lucidez. Gente! Sou felizardo por ser Obscuro, que o Senhor me mantenha assim!

§D§








sábado, 18 de junho de 2011

Regando o Jardim da Vizinha…

 

 

Meu hobby é a jardinagem e para tanto possuo as ferramentas necessárias para este prazer, porém uma se destaca... Minha mangueira! Sim, possuo uma mangueira formidável, resistente, robusta, toda nervurada e com uma beleza de esguicho na ponta, pois é capaz de esguichar com muita pressão. O esguicho é de um vermelho róseo que combina com a cor clara da mangueira, é cônico lembrando a cabeça de uma cobra pronta para uma picada, mas o fim da picada mesmo é o comprimento, não há jardim que eu não possa regar com ela.

Minha vizinha tem um jardim muito bonito, sua grama é verdinha e podada bem rasteira, eu bem sei disso, porque dou minhas espiadas. Nunca ouviram o ditado que diz que “a grama do vizinho é sempre mais verdinha”? Pois é mesmo, inclusive o vizinho viaja muito deixando a esposa só com esse maravilhoso jardim sem quem o regue adequadamente.

O fundo da vizinha (me refiro à residência) é amplo e desprovido de grama, só se vê um canteiro minúsculo muito delicado no centro, para regalo só com muito cuidado, o manuseio inadequado da mangueira pode danificá-lo, o correto é ir devagar e esguichar somente quando penetrá-lo totalmente. Quando faço tudo direitinho ela me recompensa com elogios.

Acho que me entreguei, não é? Ok! Faz algum tempo que tenho regado e tratado do jardim da vizinha, seu esposo está sempre ausente e ela com o jardim seco. Ela me garantiu que a única mangueira que entra ali é a minha e a do cônjuge muito raramente, pois ela sabe que sou cuidadoso e guardo direitinha a mangueira. Na maioria das vezes guardo na frente e raramente nos fundos.

Tenho medo que o vizinho descubra minha ferramenta lá atrás e corte ela todinha sem que eu tenha tempo para salvá-la. Na frente posso ver melhor e é mais fácil de desatarraxar da torneira para uma fuga improvisada.

A Mari “é assim que a vizinha se chama”, me contou que o esposo tem uma mangueirinha surrada, mas não quer saber de outra no jardim, diz que ele é ciumento, porem não faz o trabalho direito. Muitas vezes ele esguicha mesmo antes de alcançar a entrada da roseira.

A frente do lar da vizinha é todo gramado com um par de pés de melões, um de cada lado. Uma delicia os melões dela, firmes e de bom tamanho, cuido muito bem deles, ajeitando com as próprias mãos, tenho liberdade de me fartar já que cuido dos mesmos, chupo a vontade.

Existe também um estreito corredor que nos leva a uma rosa rara bem próxima da entrada. Durante o dia essa rosa se fecha e só se abre a noite quando estimulada por uma boa irrigação. Quando se abre exala um perfume único que age sobre os meus sentidos, seu interior é de uma textura muito lisa e rósea, suas pétalas finas como lábios e um convite para caricias.

Para que se abra basta passar o dedo úmido no seu botão, ela vai se abrindo e mostrando seu interior. Depois de aberta forma gotículas medicinais, faço biquinho com os lábios e sorvo tudo, é viscoso e doce como mel. Depois disso é hora de aguar. Pego a mangueira e coloco o esguicho tocando o interior da rosa, como tenho muita pressão na mangueira o esguicho sempre está pingando, em pouco tempo ela está toda molhadinha, nesse momento libero uma imensa esguichada, molhando todo o jardim, fico maluquinho de mangueira na mão enquanto a Mari assiste a tudo sentada sem se mexer, só observando meu trabalho. Ela se sente sedenta de me ver trabalhar e me pede que a dê para beber direto da mangueira, ela chega tocar os lábios no esguicho e vejo quando passa a língua nas gotinhas que saem do orifício, nesse momento deixo jorrar com muita força e a molhar todinha na maior festa.

Entramos e tomamos um banho para dormirmos, cada um em sua casa é claro, não sou nem um pervertido, meu negócio é só o jardim dela.

Contei esse meu hobby para estimular novos adeptos, mas atentem para o fato do comprometimento do oficio. Vale lembrar também que quem não cuida do seu jardim em casa poderá encontrar uma mangueira diferente no mesmo. A grama do vizinho é mais verdinha, entretanto só admire depois da sua estar bem podada, regada e satisfeita.

§D§

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sem Preconceitos







Temos que nos apressar, essa fila é indiana,
ela anda e quem não sabe o quer fica para trás.
Dúvidas não são admitidas numa viagem segura,
quem vacila segue sozinho e se lamentando...

Bagagem só da experiência, supérfluos não são opção,
quem muito quer acaba sem nada, nem do que lembrar.
Fique de olhos abertos, a solidão quer companhia,
não seja mais um viajante solitário nas vias da vida.

Sempre há alguém querendo seguir acompanhado,
estenda as mãos, os braços e depois o coração.
Perdemos muito tempo escolhendo lugares no voo,
quando o importante é quem estará na poltrona ao lado.

§D§





quinta-feira, 16 de junho de 2011

Hermes






Tenho acesso aos três mundos sem crer em nem um,
mas é no submundo que fico a vontade comigo mesmo.
Sou mensageiro de infortúnios e guia das almas dos mortos,
minha eloqüência atrai seguidores perdidos e mudos.
Não há nada em mim que não seja ambíguo.
Meu pai se chama dúbio e minha mãe ambigüidade.

Uso calçado alados que ao sinal da menor desconfiança
transportam-me lépidos para outra dimensão segura.
Na cabeça o elmo me dá invisibilidade,
roubo uma boiada para chamar a atenção,
sempre travesso e tudo que recebo são mimos.
Afastando trago para perto e próximo sou outro.
Sou um cachorro sem coleira na esteira do mundo!

§D§




quarta-feira, 15 de junho de 2011

Jack, o Estripador







Joguei tantos corpos no mar para não ter onde chorá-los,
mas os insepultos teimam em me acompanhar incorpóreos.
Podemos destroçar a presença física e nem mesmo assim
estaremos livres da aura de lembranças que ficam em nós.

Como Jack, o Estripador, estripei muitos corações inocentes,
incisões profundas separaram os órgãos do sentimento,
mas o enrijecimento e gélido cadavérico se refletem em mim,
matando as mulheres da vida, minha, mato a mim mesmo.

Sou um serial killer de emoções, alimento-me de corações partidos,
a culpa me mantém inocente e livre de julgamentos, foragido.
Mato para viver e vivo para matar, morrer é um detalhe,
porém ser pego não é uma possibilidade, serei sempre intocável.

§D§









terça-feira, 14 de junho de 2011

Meu corpo Seu







Sou um cara de pau e de cabeça dura,
um boca mole que fala quando devia se calar
e se cala quando de via dizer "Te Amo".
Sou todo ouvido, mas não ouço meu coração.

Meus olhos estão de olho-gordo em você!
Minhas mãos estão apegadas nos teus contornos,
meus braços te agarram com força a noite,
meu cérebro só processa sua imagem todo tempo.

Tenho um corpo que só quer saber do seu,
pernas que fogem ao teu encontro toda hora.
Não domino mais parte alguma em mim,
algumas não citei, não consigo apartá-las de você.

§D§






segunda-feira, 13 de junho de 2011

Seu Senhor







Você caiu como uma grande muralha,
ruiu por inteira me dando passagem,
vejo as brechas no teu escudo partido.
Suas defesas caíram, vou te invadir meu amor.

Vou me alojar dentro de ti e não mais sair,
nunca irá me expulsar, seu castelo é meu.
Serei seu rei minha rainha, me coroe de ti.
Seja meu manto, me cubra de beijos.

Não se debata, bata em mim carinhosamente,
seja minha como nunca se deu a ninguém,
vulnerável se tornará forte para me possuir.
Sua força está em demonstrar fragilidade.

Posso te amar, mas terá que se despir pra mim,
quero-te nua, crua, como veio ao mundo,
sem armaduras ou armas para se proteger,
deixe que eu cuide de ti e seja seu possuidor.

§D§




domingo, 12 de junho de 2011

Inicio, meio e fim





Vivo hoje porque o amanhã virá de qualquer forma.
Não cometerei os mesmos erros de ontem
para não ter que viver com eles amanhã.
Cada dia que passo sem você é mais um dia
que não vivi, fiquei no passado sem vida.

És o renovo de cada manhã e a esperança
de mais uma noite tranqüila no meu leito.
Não tenho medo de não poder acordar,
mas acordar e não te ter mais me apavora.
Detesto ficar refém dos meus desejos!

No inicio de tudo o final será uma certeza.
Preciso escapar dos meus captores,
escolher uma saída que seja minha,
não vou deixar o destino concluir mais nada.
Darei inicio, estarei no meio e serei o fim.

Que seja agora!

§D§




sábado, 11 de junho de 2011

Tema da saudade






Pensas que não te amo, que a esqueci,
que talvez nunca tenha gostado de ti.
Tivemos momentos conturbados,
ciúmes e desconfianças imperaram,
mas nunca superaram meu amor.

Lembro de cada momento contigo,
nossos vôos, você nos meus braços,
éramos sonhadores e poderosos,
só não suportamos o poder da paixão.
Sucumbimos aos apelos do orgulho.

Guardo na lembrança o teu olhar moreno,
o contorno dos teus lábios num sorriso sereno,
seus cabelos ondulando brilhantes,
seu caminhar de movimentos instigantes
e acima de tudo, guardo você em mim ainda.

§D§





sexta-feira, 10 de junho de 2011

Amor & Ódio






Queremos esse amor e nos entregamos a ele,
mas estamos prontos para essa batalha?
Seguirá ao meu lado mesmo que todos se levantem,
mesmo que tudo se mostre desfavorável?

Sou tão medroso, tenho medo de te perder
e assim não consigo te encontrar.
Sofro tua ausência e não suporto sua presença,
quero-te muito, mas não quero admitir.

Ei, querida! Não me olhe assim,
não resisto esse olhar suplicante.
Meu ódio é todo amor por ti,
minha revolta é sua conquista.

§D§






quinta-feira, 9 de junho de 2011

Submissão






Quando estamos só nós dois
e eu sou você me sinto mais eu.
Sozinho não sou ninguém,
só mais um, porque não estás comigo.

Antes de ti nada me tocava,
mas tu me tocaste e "Ah, meu bem!!!".
Meu mundo mudou, ganhou cores,
sabores, aromas e formas.

Meu desejo é grandioso
e mesmo assim só cabe você.
Respiro o ar que tu respiras
e com ele continuo vivo.

Sendo submissa, me submeteu
aos teus caprichos todos.
Sou escravo dos teus favores
e senhor das tuas vontades.

Juntos somos opostos bem ligados,
fluo em ti e percorres em mim.
Isso é o amor que procuravas
e não são só algumas palavras.

§D§




terça-feira, 7 de junho de 2011

Hipocrisia de Pedra



Toda vez que volto no tempo para reaver minha inocência 
piso em borboletas e meu presente se torna mais sombrio.
Tentando voltar a ser o que fui outrora altero o que sou hoje.
Vivo no túnel do tempo onde não há luz ou saída e enxergo tudo.

Nos olhos da Medusa encontrei meu coração de pedra!
Minha visão é fria e indiferente sem as distorções dos hipócritas,
olhei dentro do olho do furacão e vi o terror dos inocentes.
A percepção do mundo nos tira o que há de humano e nos torna mundanos.

Somos o que somos e nos tornamos o que havemos de ser,
ninguém é inocente ou culpado, alguns são cegos e outros vêem,
mas os piores são os que mesmo vendo agem como ignorantes.
A estes eu chamo de "culpados inocentes de ignorância e hipocrisia".

§D§



domingo, 5 de junho de 2011

Ser Social

Sou amigo de todos porque não faço amizades,

nem tão pouco tenho inimigos, ignoro que existam.

Pessoas são só pessoas e iguais em tudo,

amigas ou inimigas, tanto faz, continuam pessoas.

Vivo bem longe do circulo social "tem um duplo sentido aqui".

Gosto do silencio e de espaços vazios, de não ter que falar ou ouvir.

Admiro as idéias desde que os pensadores fiquem de longe,

a interação é dispensável no meu caso, caso não se perceba,

mas é claro, isso é apenas uma questão de filosofia.

§D§

sábado, 4 de junho de 2011

Sem sentido

O sentir é a brasa que abrasa e assola a sola dos pés!

A mão no choque do insensível toque perde o tato...

Sinto, então, o cheiro de algo errado, é o fato do olfato aguçado perdido.

O gosto de medo na boca de onde o palato está foragido.

A voz cala na ante-sala dos lábios, o tapete vermelho se enrola a gaguejar.

Ante tamanha visão percebo que não vejo nada com a retina retida na falta de luz.

Tentando ouvir, olvidar é o que me chega aos ouvidos.

Qual o sentido da vida: Viver para sentir ou sentir para viver?

Nascido natimorto, penso que descrevi a falência múltipla de sentimentos sem sentido, sentidos e "ressentido". Falta sentido na existência humana.

Sendo assim, testo e atesto este texto como atestado de óbito das razões que tentam dar senso ao nonsense da vida.

§D§

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Quantificando Desmedidas



Nada não me interessa,
tudo nunca é demais.
Metade não é justo com as partes,
quem quer alguém pela metade?
Qual seria a medida exata?
A exatidão é feita sob medida.

Um pouco de beleza enche os olhos de quem gosta,
o beijo morno deixa muito a desejar,
mas um abraço forte quebra o gelo.
Pequenos gestos de carinho esquentam o relacionamento,
enquanto grandes descuidos esfriam o amor.

Proximidade sem cuidados vira tédio,
a distancia traz saudades e leva a desconfiança,
mas pior é a média distancia que está perto
para esquecer e longe demais para sentir falta.

Num toque suave existe grande excitação,
movimentos bruscos extraem gemidos curtos,
uma pegada forte eleva ao descontrole.
Sussurros ao ouvido arrancam gritos de prazer.
"Eu te amo" em alta voz emudece um coração.

Seja lá qual for a medida, o importante é
não se limitar nunca e para sempre.

§D§




quinta-feira, 2 de junho de 2011

Domadora de mim






Quanto maior a fome mais mente o homem!
Faminto, minto e omito para conseguir o que quero,
digo que não te quero e que não ligo, finjo...
Mostro dentes e garras numa cara indecente,
parto para cima com arma em riste, machuco.
Você insiste em manter a guarda aberta,
aproveito-me da sua pequena abertura,
guardo-me todo dentro de ti, reviro tuas entranhas.
Mordo-te, te arranho, te lambo, te gosto.

Minha presa! Prendo-me a você com toda liberdade,
reviro-te, me viro, de frente e de trás e de todas as formas
que tuas formas perfeitas me induzem e seduzem.
Coloca-se submissa, se entrega sem trégua e me alimenta,
arrebata-me e me mima, doma a fera, acalma minh'alma,
anima-me, dá-me de mamar nos teus seios o carinho.
Abrigado em nosso ninho, me alinho novamente no teu colo.
Sou manso no remanso dos teus braços.
Durmo tranqüilo e saciado!

§D§





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