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quinta-feira, 11 de abril de 2019

Cúmulos-nimbos


Cúmulos-nimbos

Desgosto em vida
Esperança na morte
Que chegue o fim da lida
Que venha o sessar de toda sorte.
A chuva não passa, fria e resoluta
Umidade incessante, do gotejar cadente à enxurrada
Cúmulos-nimbos da alma aos ossos.
A terra de pernas pro ar
O céu de cabeça para baixo
Um horizonte sem horizontes
No fim do arco iris monocromático só uma lápide,
mas tudo que se é necessário para se abrigar da tempestade.

§D§

sábado, 18 de julho de 2015

Meu demônio sou Eu






Quando ele quer sair 
está na hora de eu me trancar. 
Do meu castelo de horrores 
purgo meus temores. 

Embebedo-me em luas de sangue, 
respiro o ar funéreo da minha alma velada. 
A carne crua gelada sob luz fraca... 
Minha mente exposta, dissecada! 

Meu demônio vive comigo, 
meu demônio sou eu.
Ele não quer sair do meu abrigo, 
o que eu sou ainda não morreu.

§D§




Meu demônio têm medo!
Teus olhos sorridentes brilham,
Minha alma implora
tua luz na minha vida.

Ele se esconde nas profundezas!
Sua voz suave o assusta.
Eu te escuto, te sigo.
Leva me contigo, salva-me.

Você pode afastá-lo!
Teme teu poder sobre mim.
Restaure minha unidade,
deixe-me fazer parte de ti.

§D§


domingo, 21 de abril de 2013

Bem mau, bom mal





A Ha - Cry Wolf


Campo de corpos,
cemitério de flores.
Homem morre na toca,
lobo vive na cova.

O homem não é bom,
o lobo não é mau.
Um não espera,
o outro só espreita.

O homem veste pele de lobo,
o lobo usa o homem.
O humano uiva,
o lupino compreende.

De dia homem,
à noite lobo.
Na luz do dia some,
ao luar transcende.

O homem machuca,
o lobo se fere.
O homem lambe as feridas,
o lobo se cura.

O homem mata,
o lobo se alimenta.
Um inventa desculpas,
o outro não se culpa.

§D§



sábado, 20 de abril de 2013

Zumbi




The Pretty Reckless - Zombie


Morte, o que a vida tem que tu não encontras em teu estado de morte?
Se me ponho vestido de ti, nem assim me desnudas,
se me apresso, quase chego lá, mas volto de uma quase morte.
Dou-te do meu fígado a tua porção diária e ainda escarneces me fazendo como Prometeu.
Morto vivo decompondo-me aos teus olhos a céu aberto e não me recolhes.
Faltam-me pedaços que extirpei para que não sejam necropsiados.
Devoro cérebros e digiro ideias nas madrugadas para saciar a minha mente.
A fome física é tamanha, mas a carne humana perdeu o sabor,
agora é só um ritual canibalesco alimentando o instinto devorador.
Até que venhas não acreditarei numa causa natural de te encontrar.

§D§



segunda-feira, 15 de abril de 2013

Domínio




Katy Perry - Hot N' Cold


Coloco de lado tudo a minha frente.
Quando desejo ficar é sinal que devo ir.
Estou preso a minha liberdade e prezo isso.
Não ter ninguém é me possuir...
Não me doo porque sou só meu,
alguém que me queira não deve querer mais nada.
Gosto até começar a gostar e então desgosto.
Minto se necessário, preciso acreditar no que digo.
Sou como posso ser, não posso ser de pessoa alguma.
Domino-me de uma forma que não tenho domínio.
Quero, mas ignoro; sinto, mas é irrelevante;
recordo e tenho saudades, porém esqueço e me conformo.

§D§



quarta-feira, 3 de abril de 2013

Asas sem pena de voar





Mente vazia
Céu aberto
Mãos desamparadas
Pés sem chão

O tempo voa
A vida plana
A plenos ares
Ar suspenso
Apneia

Queda livre
Velocidade terminal
Corpo a terra
Gravidade terrena
Atração fatal
Morte!

§D§




segunda-feira, 25 de março de 2013

Insepulto






Da boca da noite emergem murmúrios lúgubres,
mas é na calada da madrugada que fico mudo.
Cai um véu pesado como veludo negro,
velo solitário o meu quarto fúnebre.
Aos pés da cama "o corvo" de Poe crocita
seus versos agourentos sem nunca mais cessar.
"A mascara vermelha da morte" não esconde mais a face do sinistro.

O amargo e envelhecido Johnny Walker me conforta
dos lamentos de Robert Johnson e seus acordes baixos.
O cheiro de mofo indica que o bolor cria vida nesse leito de morte.
Visto negro, mas meu sentimento é azul profundo.
Existência estagnada, alma afogada em pranto.
Na cama um corpo, no corpo falta vida.
Insepulto ainda, mas enterrado em si mesmo.

§D§




quarta-feira, 6 de março de 2013

Prazer Solitário





Sinto-me tão perdido quando não me encontro em seus braços,
mas saio de mim quando estou dentro de ti.
Tocamos-nos sempre que nos lembramos dos momentos a dois,
do quanto nos ligávamos em estarmos unidos.

Coloco-me em pé e muito tenso na hora de deitar,
pensar em ti na cama é um prazer solitário.
Sonhando com nossas horas acordados não durmo,
volto a me tocar que sozinho é contigo que desejo.

Com saudade de nós falo em você para aliviar...
Sinto tanta fome do tempo em que me fartava,
de como nos alimentávamos um do outro
devorando-nos boca a boca, mordendo, lambendo...

§D§



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Eu sou o mal…



Gosto de viver só comigo mesmo,
aprecio a liberdade de viver recluso.
Há muito espaço no vazio da minha alma,
cantos e recantos onde se esconder.
Corro nu num vale de ossos,
mergulho em um lago de sangue.
Não há luz e nem dia, só a noite todo dia...

Eu sou o mal...
Causo isso a mim mesmo,
mas esse não é o motivo de eu ser mau,
sou sem motivo algum,
assim não posso ser perdoado.
Já tive um oceano de lágrimas,
hoje esse oceano é um deserto de sal...

§D§



sábado, 23 de fevereiro de 2013

Intratável

Essa ferida ainda sangra!

Usei a linha do tempo como sutura,

mas com um leve toque o ferimento se abre

e observo meu sangue se esvair de mim.

O fogo da minha ira não cauteriza a própria carne,

é brando...

Na dor dessa fratura exposta vejo um rompimento sem cura.

O corpo é quem paga quando a mente se culpa.

Estou ferido, mas não sou vitima e nem inocente,

sou causa e efeito dos meus casos e defeitos.

§D§

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Insólito



Jim Croce – I Got A Name




Eu já tive um sonho,
algo que me daria orgulho,
mas meu orgulho o transformou em pesadelo.
Dormir não é mais seguro,
ficar acordado é uma tortura...
Monstros que me atormentam ainda insone
agora também invadem o mundo de Sandman.

Estou morto e ainda vivo,
respiro, mas não aspiro mais nada.
Percebo que a realidade é algo surreal,
tenho certeza que as incertezas que me cercam
são os fatos que mostram que sou apenas insólito.
Procuro um caminho fora do caminho,
uma estrada que eu possa trilhar sozinho sem olhar para trás.

§D§



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Labyrinthus






Encontrei-me em becos escuros,
perdi-me em grandes avenidas.
Passei constantemente da linha,
parei no meio da encruzilhada.

Caminhei por rua sem saída
e de volta andei em círculos.
O mundo gira sem parar,
mas não conheço o sentido.

Tenho inclinação para sair do prumo,
meu desnível é de alto nível
e o humor é uma montanha russa,
mas o whisky tem que ser escocês.

Sinto náuseas ao sentir...
Desorientado, não ouço ninguém.
Surto e insulto...
Só lembro-me do que tenho que esquecer!

§D§




sábado, 22 de dezembro de 2012

Sinais



Minha, heroína! Sinto-te nas veias como agulhadas de paixão.
Inspiro seu cheiro em cada carreira, dunas brancas, vicio e ruína.
A vida é uma droga, viciante às vezes.
Percebo isso nos sinais de fumaça, na seda que arde, nos olhos vermelhos.
Vejo cores psicodélicas na tela de LCD ou é o efeito do LSD, não importa,
só sei que curto muito, mesmo que seja longa-metragem em 3D.
Na ausência de Morfeu me entrego à morfina. Se dado, melhor aceitar...
De graça, fico relaxado "Paz e Amor" na guerra que é viver.
Café da manhã com leite de papoula, chá de mushrooms á tarde,
tudo para suportar mais um dia.

§D§



terça-feira, 20 de novembro de 2012

Imutável



A minha palavra é uma só!
Até no plural eu sou singular,
mas é no coletivo que sou único.
Os pares oferecem uma bela simetria,
entretanto me apetece ser impar.
Conjugo o verbo no presente
porque o futuro desconheço
e o passado já esqueci.
Minha mente é itinerante,
porém meus costumes são do lugar.
Decidido fico mudo, não mudo,
não tenho mudas, só raízes.

§D§



domingo, 4 de novembro de 2012

Procurado em Três Estados!

 

Titanium (feat. David Guetta) – Sia


Sou procurado em três estados!

Sólido: Impenetrável, duro e frio de uma forma que não se dobra.
             Uma pedra filosofal que verte o elixir de uma filosofia mortal.   

Liquido: Fluido, escapo entre os dedos e evaporo.
               Uma fonte turva de vicissitudes e prazeres antigos.

Gasoso: Volátil, desprendo-me no ar e invisível me disperso.
              Um gás inebriante que alicia, vicia e não alenta.

Não há cadeia de eventos ou experimentos que me prendam na prática.
Na teoria a minha matéria é poética, nada de humana, mas exata.
A minha química exerce uma força que a física desconhece.
Marquei na minha tabela periodicamente todos os elementos que perdi.
De resto, eu... Um amontoado de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.
Em suma, uma pessoa altamente dotada de muito gênio ruim.

§D§





quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Lupino



Sinto-me um pedaço de carne
disputado por lobas no cio.
Esqueçam, eu não procrio...
Etéreo, estéril. Como e regurgito.

Sou gente em pele de lobo da estepe.
Como homem, sou desumano, animal.
Enquanto lupino, sigo minha natureza de mau.
Lobo solitário e não líder de alcateia.

Não caio em armadilha,
não ando em matilha.
Não deixo nenhuma trilha,
não esperem troca ou partilha.

§D§



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Morada Tumular



Orbe telúrico,
massa crua.
Essência de Gaia,
fermento humanoide.

Abóboda anil,
plano verdejante.
Razão de Zeus,
sapiência e dor.

Morada efêmera,
fenecimento algures.
Momento Kairos,
passagem atroz.

Perde a forma,
empana, encrua.
Tempo de Chronos*,
deteriora e murcha.

§D§


*Não confundir com Cronos (Titã e filho de Urano com Gaia).
O Chronos aqui mencionado é o deus do tempo que gerou a si mesmo.



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Desgosto



Tenho essa mágoa
que como a lama que turva a água
mancha também minha alma.

Com sua saída
deixaste uma ferida
que há de levar a minha vida.

No coração te criei,
o meu sangue te dei,
com tuas dores chorei.

Hoje estou só,
na garganta um nó,
um ser que dá dó.

Mas a culpa é minha,
achei que a tinha,
entretanto, já não tinha mais.

Não quero mais sofrer,
não quero mais viver
e não quero mais querer.

§D§






quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Infusões e Soluções




Quando a vida se torna amarga
a morte pode ser uma doce solução.

Escuta! Cura, não preciso...
Oh, fada verde... Bela dona!
Cicuta ou curare, isso sim ajuda...
Com absinto e láudano,
sinto-me sem dano levado por Atropos.

Ensaio essa viagem teatral
inspirando o ar cênico.
Á inglesa descanso descalço,
vestido á rigor mortis, viajo.

§D§



domingo, 7 de outubro de 2012

Navalha de Occam



Nada é fácil, tudo tem um preço.
A sorte é pra quem crê nela,
mas sem garantia contra o azar.
Quem se garante apóstata se revela.

Navalho o supérfluo instinto social,
excesso trinchado o óbvio emerge...
O ser humano é desumano inato!
Não é teoria, é a navalha de Occam.

Dispenso a amizade,
minha lealdade é só comigo.
Confio o suficiente em mim
para não confiar em ninguém.

Posso afirmar...
É divino Deus confiar!

§D§



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