domingo, 30 de janeiro de 2011

Sol

Adoro ver o por do sol!
Admirar o seu declínio até sumir de vista,
faço pouco caso do seu ocaso rotineiro,
do suicídio diário em mar de sangue,
do sepultamento sem honras no horizonte.

Suporto sua presença imposta durante o dia
para ver seu banimento ao cair da noite.
Logo cedo me castiga com sua aparição,
sua luz me cega e seu calor oprime.

Exibicionista, se mostra altaneiro,
rotundo de aparência escaldante,
impõe-se espaçoso como estrela, astro, rei, astro rei...

Minha paz volta às suas costas,
respiro aliviado com o ar da noite.

Outro dia, mesmo ciclo, meu ódio exacerbado.

§D§




segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ode à poesia







Da escuridão em que vivo posso ver sua luz,
invejo sua alegria e amo a maneira que me diz "oi".
Invento desculpas para te ouvir,
mas me enrolo com as palavras.

Poderia eu viver em seu mundo, viria você para o meu?
Já sei a resposta, porém queria fazê-la mesmo assim,
dizer para mim mesmo que tentei, embora, seja em vão.
Sei que não está entendendo nada do que digo, que bom.

Na maior parte do tempo não sei o que se passa comigo,
sei que nunca estou completo e isso piora com o tempo.
Os ponteiros se adiantam indiferentes, não ligo, só ligo para...
Você nem imagina como atrai e me faz trair a realidade.

Queria ser poeta merecedor de sua inspiração sublime,
mas não passo de um admirador com versos macabros.
No meu anonimato solitário de talento inapto e questionável...
Espreito de longe a musa das artes e beleza em letras,
você POESIA!

§D§





sábado, 22 de janeiro de 2011

Sua voz, minha música







Com o violão nas mãos,
é seu corpo que toco,
cada acorde um sussurro,
arrepios de nota em nota.

Ouço música na sua voz,
observo a dança dos seus quadris,
a pele vibra e lábios tremem,
batidas do seu coração em meu peito.

Uma sinfonia de sentimentos
expressos em partituras melódicas.
Desejos são tocados em harmonia
dedilhando o instrumento do meu amor.

§D§





quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Justiça infernal








Na ignorância descansa a santa paz de espírito,
Entretanto é com a justiça que a alma se regozija.

Fazer o certo hoje em dia está errado, se errar há absolvição,
mas o inocente e justo estará condenado por ser direito.
A esquerda mudou de lado e agora está a direita do poder,
o poder, por sua vez, está nas mãos do canhoto.

O maior problema para um acusado é ser acusado de sem renda,
ser culpado é o de menos num julgamento, não importa o que você fez, importa o que você tem. Tendo dividendos é só dividir com a sucursal de advogados do inferno na terra.
Outra saída é vender a alma ou fazer um empréstimo e pagar com juros e trabalhos forçados no inferno.
Com sorte poderá se tornar uma mula do crime organizado.
Juiz agora é só um moderador e advogado angariador de fundos,
o pleito passou a ser o palco para um show de horrores.
Quanto ao réu basta estar lá, culpado ou inocente, isso se vê depois.

§D§





sábado, 15 de janeiro de 2011

História em verbo e verso





 

 Enrique Iglesias - Hero


O meu fim³ está presente desde o inicio¹,
indicio de um passado nunca esquecido.
O futuro só é um meio² de reparar o erro,
conjugando o verbo em todo tempo
conto a minha história com 1,2 e 3.
No pretérito fui imperfeito,
no presente me acho em falta,
no futuro não estarei lá,
no gerúndio estou sempre tentando,
mas no particípio, tentado, caio em pecado.

§D§


 


 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Trindade da inutilidade





Vejo as bagagens dos indolentes
crédulos nas mãos do destino.
Bagagens de esperança, fé e otimismo.
Parece-me mais um desatino
daqueles adeptos do conformismo.

O destino não é um carregador,
mas vias de acesso ao futuro que decidimos.
A esperança é o acumulo de gordura
na barriga de quem sentado cria pança.

A preguiça dobra os joelhos na
de receber em casa o que suplicou,
quando devia erguer a cabeça e se por de pé,
ir buscar com as mãos o fruto que ousou.

O mandrião é sempre um otimista,
sorriso escancarado na cara simplista,
vive dizendo que tudo dará certo,
basta crer. O tolo se acha esperto!

§D§





terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cacto espinhoso







Incompreensível cacto espinhoso!
Verde por fora, porém, maduro e suculento por dentro.
Pode salvar uma vida com suas entranhas,
mas não tente abraçá-lo em agradecimento.
Não é destinado ao jardim, brotar no inferno desértico é seu fim.
Nasce em solo árido e cresce sob sol escaldante, as intempéries não o afetam.
Livre de cuidados humanos é alto sustentável.
Desprovido de beleza, nada o fere, suas armas são seus espinhos.
Solitário, vida sem vida no deserto,
ninguém sabe ao certo como é...
Quem iria tão longe e permaneceria de pé?

§D§






domingo, 9 de janeiro de 2011

Duplo sentido







Insurreição,
levante.
Siga
nesse instante.
A tempestade,
atormenta.
Embala-me,
acalenta.
Suicida,
de mente.
Minha loucura,
meu ente.
Sua sombra,
assombra nua.
A lua encarna,
em carne sua.
Noite cara,
em cara só.
Afronta,
a fronte.
Aponta,
a ponte.
Para,
pare.
Salvação ou destruição?
Duplo sentido,
Duplamente sentido.

§D§




sábado, 8 de janeiro de 2011

Imolar e amolar







Da carranca que assusta,
degusta o medo que arranca.
Na cara feia pavorosa,
temerosa e cruel tara na veia.

Da alegria de ser mal,
tal a tristeza que se cria.
Da semente da dor,
horror que floresce demente.

De insensível olhar penetrante
expectante no gargalhar terrível.
Da viciante atitude sempre fria,
hemorragia da virtude infante.

Mata o homem, o consome...
Fome de desordem inata,
come a pele e esfola até o osso.
Poço que amola, fere e não some.

§D§





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