segunda-feira, 25 de março de 2013

Insepulto






Da boca da noite emergem murmúrios lúgubres,
mas é na calada da madrugada que fico mudo.
Cai um véu pesado como veludo negro,
velo solitário o meu quarto fúnebre.
Aos pés da cama "o corvo" de Poe crocita
seus versos agourentos sem nunca mais cessar.
"A mascara vermelha da morte" não esconde mais a face do sinistro.

O amargo e envelhecido Johnny Walker me conforta
dos lamentos de Robert Johnson e seus acordes baixos.
O cheiro de mofo indica que o bolor cria vida nesse leito de morte.
Visto negro, mas meu sentimento é azul profundo.
Existência estagnada, alma afogada em pranto.
Na cama um corpo, no corpo falta vida.
Insepulto ainda, mas enterrado em si mesmo.

§D§




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