“Quem tem, cuida”! Sábio ditado. Tudo que amamos na vida requer cuidados, desde uma pessoa até um objeto. Tenho paixão por espingardas e resolvi compartilhar meu método de manuseio da mesma.
Uma boa arma deve estar sempre bem acomodada, uma bolsa acolchoada é uma boa opção. Deve-se também mantê-la bem lubrificada, limpa e descarregada. Arma carregada pode te trair e acabar numa grande tragédia.
Primeiramente vamos ver como transportá-la adequadamente:
Tenha em mente como sua companheira, segure-a firme, mas com carinho e respeito. Nunca a deixe longe de ti, pois “alguém pode passar a mão nela”. Evite exibi-la publicamente fora de seu estojo (inveja mata).
Quando sentir necessidade de passar um tempo com sua cara espingarda*, coloque-a em pé e segure-a com a mão esquerda enquanto a mão direita baixa o zíper do vestido... Digo, da bolsa que a abriga. Coloque sua mão no interior do fecho-ecler e traga-a para junto de ti, deixando cair o seu invólucro no chão. Nesse momento observe cuidadosamente toda a extensão de sua amiga, curvas perfeitas, textura inigualável e o brilho que só ela tem.
Não fique envergonhado de abraçar e beijar, ninguém verá sua tara. Nua em suas mãos é hora de ver se está pronta para um disparo. Coloque-a deitada no seu colo e de bruços, deixando à mostra a culatra. Veja se está bem azeitada passando seu dedo nas suas dobrinhas. Se não estiver, faça a lubrificação com um lubrificante de qualidade. Umedeça seus dedos com ele e vá passando nas partes de encaixe de sua arma.
Agora é hora de introduzir o cartucho. Deite sua companheira num local macio ou a segure entre os braços, o importante é que ela esteja protegida. Deixe a culatra bem à mostra e só depois introduza o projétil com muita calma. Lembre-se que o orifício é muito justo, requerendo atenção. Nunca force uma situação, não queremos que o tiro saia pela culatra, não é?
Devidamente carregada a mantenha assim por algum tempo. Deslize sua mão esquerda até atingir a base, a sustente firme e com a mão direita explore até encontrar o orifício que abriga uma lingüeta. Essa lingüeta é chamada de gatilho e é o que deflagra o disparo. Aos poucos vá pegando intimidade nessa área, pressionando levemente para ambos os lados, mas cuidado para não disparar precocemente.
O atirador que maneja bem o gatilho sempre fará bons disparos... “Modéstia a parte, nunca erro um tiro”. Quando você sentir que tem tudo sobre controle e que a técnica está dominada, pressione o gatilho até o final, mas mantenha a coronha apoiada em seu ombro para amortecer e ao mesmo tempo sentir o coice sem igual de um belo disparo de fogo.
Continue junto de sua espingarda, ela ainda está quente e requer cuidados. Não seja descuidado como alguns que a abandonam e vão fumar um cigarro, isso é ultrajante. Fique e espere ela esfriar, só então retire o seu cartucho já vazio, cuidadosamente. Nada de socos ou solavancos, você esta lidando com uma peça delicada e não com uma bigorna.
Limpe-a com carinho, usando um pano macio e úmido, vista-a da sua vestimenta de proteção e até vale um beijinho de despedia.
Espero ter podido ajudar de alguma forma com esse texto técnico. Também tenho a esperança de ter formado com esse manual, atiradores de elite e não franco-atiradores ou fogueteiros sem noção. Aos que não usarem corretamente essas normas de ensino eu espero, com vigor, que seus cartuchos explodam ainda na cintura ou que seu cano empene.
Obs.: Espingarda*= Concubina, amante - Regionalismo: Nordeste do Brasil. Uso: informal.
§D§
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