quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Espelho desencantado








Minhas lembranças estão guardadas em um baú mofado,
o tempo umedeceu as esperanças abandonadas ao acaso,
as traças tornaram rotas as vestimentas da felicidade,
o espelho oxidado revela uma imagem tosca e deformada.


Não há indicativos de minha idade real ou do que vivi...
Minha alma é como o retrato de Dorian Gray envelhecido e
no lugar do corpo, mas onde está o lucro de uma vida assim?
Aparência viçosa recobrindo um espírito alquebrado.


Espero o romper do encanto do espelho, no estilhaçar do
cristal o encantamento terá fim e o belo mostrará a feiura
pura e liberta de quem morreu e continuou insepulto,
abominação da vida encerrada em falsa beleza corpórea.


O desapegar-se da carne e o esvair do sangue teimam
em manterem-se unos com uma alma putrefata de fato.
O que é necessário para quebrar essa ligação sem elo?
Não há nexo em manter uma alma morta num corpo
ainda vivo, assim como também não há em manter o
Corpo vivo numa morte cerebral irreversível e atestada.


Exijo eutanásia!


§D§

Obscuro-Medo



Nenhum comentário:

Entre em contato.

Nome (obrigatorio):

E-mail: (obrigatório, não será mostrado)

Site Web:

Sua mensagem: