terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Hórus, olho que tudo vê








O olho ferido de Hórus reina absoluto na noite,
O céu é sua coroa adornada de incontáveis diamantes,
Cada pedrinha brilhante traz resquícios de outrora,
Um fragmento da história do cosmos no quebra-cabeça universal.

O deus dos céus e dos viventes repousa seu olhar sobre mim,
Nesta noite tão bela e solitária percebe minha desorientação...
Sou uma botija cujo conteúdo represa um licor amargo e intragável,
Cujos ingredientes são: Saudade, desesperança, tristeza e miséria.

Saudade por querer demais a ponto de sentir o que não posso ter,
Desesperança porque tenho consciência do imutável fato cármico,
Tristeza é minha alma, convivo com ela desde que nasci e não se aparta,
Miséria é como chamo minha vida, um viver desprovido de vida.
Esses são os insumos de minha existência e meu extrato vital.

...o olho que tudo vê entende meu infortúnio, mas é deus de vivos,
Já estou morto dentro de mim, a mistura está deteriorada na botelha,
Ele não pode fazer mais nada e não posso passar meu cálice sem beber.
De qualquer forma o firmamento está lindo e estrelado em seu luar...
Quem amo está debaixo da mesma cobertura cósmica e livre do meu azar.


§D§

Obscuro-Olho de Hórus


Um comentário:

Anônimo disse...

O que você pensa ser seu azar é a sorte de alguém. Estar vivo nem sempre é nossa escolha. Mas já que nada podemos fazer, vivamos então, sabendo que para alguém, nossa vida é tão necessaria quanto ao ar.
A tristeza torna-se virtude em suas palavras.

Silviah

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